Eu sou a Lenda (Richard Matheson) – Resenha

Olá meu povo, hoje eu irei indicar para vocês uma leitura que me fez ficar submerso na história e esquecer de tudo ao meu redor. Sabe aquele livro que você pega para ler, não consegue desgrudar dele, vai dormir pensando nele e quando acorda já é pensando no momento que irá retomar a leitura? Esse livro foi “Eu sou a Lenda”, recentemente resolvi finalmente tirar esse livro da estante para ler, e foi a coisa mais certa que fiz em anos. Mas irei parar de enrolar e ir para o que importa … vem comigo.

“Livros como eu Eu sou a Lenda foram inspiração para mim” – Stephen King.

Antes de falar propriamente do que se trata esse livro, vamos conhecer quem trouxe essa história ao mundo. Estamos falando de Richard Burton Matheson, mais conhecido como Richard Matheson, que foi conhecido por ser escritor, contista e roteirista norte americano. Suas obras variaram entre os gêneros de fantasia, terror, e ficção cientifica.

Inclusive Richard escreveu vários episódios da série Além da Imaginação, que eu lembro de ter visto alguns episódios quando muito criança. Mas foi em janeiro de 1976 que ele finalmente iniciou a escrita de Eu sou a Lenda e só foi concluir o romance em janeiro de 1979. Sua obra chegou a ser adaptada três vezes The Last Man on Earth (Mortos que matam), The Omega Man e Eu sou a Lenda. Outros romances de Matheson tornaram-se filmes notáveis como Amor alem da Vida, Em algum lugar do passado e Hell House.

Acredito eu (posso estar errado), mas das três adaptações a mais conhecida é a terceira, onde teremos o Will Smith interpretando o Virologista Robert Neville que é imune a um vírus. Ele trabalha para criar uma cura enquanto vive em Manhattan no ano de 2012, numa cidade habitada por mutantes vítimas do vírus transmitido pelo ar. Vi o filme na época que foi lançado e gostei bastante, só que naquela época nem se quer imaginava que aquele filme vinha de origem de um filme. Anos depois acabei descobrindo que se tratava de uma adaptação e segundo boa parte do pessoal que já havia lido “O livro é beeeeeeeeeeeeeeeeeem melhor” (o que já era de se esperar né). Hoje em 2021, finalmente peguei o livro para ler e foi uma das leituras mais envolventes que fiz em tempos. Tudo bem que o tema de cenário pós apocalítico sempre me interessou muito, mas a maneira que o autor desenvolveu a trama me prendeu de uma forma que havia momentos que eu me via no lugar do protagonista vivendo aquela situação vazia e deprimente.

Afinal do que se trata “Eu sou a Lenda?”

Nessa história conheceremos o protagonista Robert Neville, um homem que talvez pode ser o ultimo da sua raça que ainda respira. Já nas primeiras paginas presenciaremos um pouco da rotina de Robert, durante o dia ele explora a região onde vive, buscando comida e utensílios para sua sobrevivência e sanidade. Enquanto no período da noite ele se resguarda dentro de casa, protegendo-se das criaturas infectadas que todas as noites vão a sua procura em busca de um simples deslize do protagonista para captura-lo. É nesse momento que passamos a presenciar a jornada desgastante do protagonista, na tentativa de um amanhã melhor, noites de desespero, angustia, onde ele percebe que mais cedo ou mais tarde irá se cansar de resistir.

Como comentei no inicio desse texto, meu primeiro contato com a obra foi através da adaptação mais atual intutalada também como Eu sou a Lenda, onde é protagonizada pelo ator Will Smith. Diferente do romance literário, vamos um protagonista que está engajado no assunto da pandemia, sabe do que é, do risco que o vírus representa para humanidade. Já no livro, o mesmo personagem é um civil que não tem nenhum conhecimento cientifico, e ao longo da trama passa a procurar respostas, inicialmente ele procura saber porque determinadas técnicas funcionam para afugentar os seres medonhos que procuram sua casa todas as noites, depois ele procura métodos de matar aqueles seres, e por fim ele passa a busca saber o que ocorreu com a humanidade? Foi um fungo? Um parasita? Um Vírus? Ele procura respostas para tudo aquilo.

Eu sou a Lenda, trata-se de um Apocalipse vampiro. Acredito que estamos mais habituados ver em romances do género os zumbis como o principal monstro ou até mesmo a destruição do planeta por ações naturais ou virais. Porém em Eu sou a lenda, teremos um apocalypse de vampiros, onde uma doença misteriosa se alastra por todo o planeta, dizimando parte da humanidade, porém todos aqueles que morreram um tempo depois voltam a “vida” com comportamentos violentos e cede de sangue, deixando completamente o lado racional de lado e assim aflorando a versão animalesca do ser humano. Porém ao longo da trama percebemos que desses seres, existe uma variação entre os que perderam toda racionalidade e uma outra parte que ainda consegue raciocinar e usar disso para caçar. Um bom exemplo disso, é que diferente da ultima adaptação onde os vampiros não faziam ideia de onde era a casa de Robert Neville, no livro eles sabem, e todas as noites um grupo de monstros rodeiam a casa do protagonista, chamam seu nome, tentam seduzi-lo para que entregue-se, inclusive um desses vampiros é seu ex vizinho, companheiro de trabalho. Ele grita o nome do protagonista todas as noite, convida para que saia, se renda, desista, porém não consegue raciocinar uma forma eficaz de destruir o abrigo do protagonista, diferente do que vemos no filme quando os seres finalmente acham a casa de Robert. E parecem ser bem mais irracionais do que apresenta o livro.

O livro em si vai muito além de uma simples história de terror, ele nos leva pra realidade de um único sobrevivente, ele esta ali sozinho, apenas ele sobrevivendo por muito tempo da forma que consegue, sem nenhuma resposta do que realmente aconteceu e por quanto tempo aquela situação irá durar. Afinal como a mente humana sobrevive com a solidão, com a sensação de completo vazio? Será que é nesse momento que a sensação de estar no controle sai, e dá lugar a certeza de que somos apenas uma partícula de um universo muito completo e desconhecido? Nosso protagonista precisa lidar com todas essas incertezas, com o silencio assustador da solidão e mais ainda com as vozes que ecoavam em sua cabeça todas as noites quando a visita indigesta do desconhecido vinha até seu abrigo.

A cena mais angustiante para mim segue sendo a cena final do cachorro, o seu único companheiro durante a historia. Na adaptação para cinema interpretada por Will Smith, a cena em que o cachorro morre foi triste, muito triste. Mas no livro foi ainda mais impactante, pois no livro a relação entre Robert Neville e o cachorro é criada do zero, do primeiro encontro, ao desespero que o protagonista tem em tentar ajudar o animal que estava extremamente assustado e recusava-se a ser ajudado. Infelizmente as coisas não acabam tão bem o quanto esperei que fossem, na verdade já tinha noção de que o pobre animal teria um final triste, apenas não esperei que fosse tão rápido. Essa cena segue sendo a mais impactante para mim.

Mas uma vez, diferente da adaptação o livro nos trás uma ideia diferente de final. No filme temos nosso protagonista abrindo mão da sua vida por uma possibilidade de “cura” do vírus vampírico. Já no livro o nosso protagonista é surpreendido, e percebe que na verdade nada que ele viveu no passado voltaria, nada seria como antes, que na verdade ele que era a minoria, ele que era o ser ultrapassado. E isso me fez pensar sobre a própria raça humana, sabemos que ao longo dos anos desde seu inicio, a raça humana vem passando por evoluções, e que com essas evoluções a raça anterior por consequência é extinta. Já pensou que o pensamento logico do autor, não vai contra a realidade? Já pensaram se algum dia a raça humana transcender e o que somos atualmente deixar de existir?

Nossa acho que fui longe demais em meus pensamentos, mas a leitura de “Eu sou a Lenda” realmente foi uma leitura que me fez pensar bastante e me divertir muito com o leque de possibilidades que o autor dá para a historia e imaginação do leitor. Tornando sua obra algo contemporâneo.

Sobre a edição publicada pela Editora Aleph tudo que posso dizer é que esta perfeita, livro capa dura, com diagramação de qualidade e papel amarelado, conseguindo agradar qualquer leitor fã do gênero.

Fica ai a dica de livrão, espero que tenham gostado do texto. E me falem se já leu, o que achou … vamos fo-fo-car.

EDUARDO MATEUS (@IDUMATEUS)BLOG (@SOMAISUMALEATORIO)

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